ECOPOL Saúde

O enfrentamento da pandemia da covid-19 no Brasil: uma revisão de escopo sobre o impacto no SUS e na atenção terciária à saúde

A disseminação global da Covid-19 foi a maior catástrofe sanitária do século XXI até agora. O
primeiro caso diagnosticado no Brasil surgiu no final de fevereiro de 2020, três meses depois
do aparecimento do novo coronavírus na China. Apesar dos relatos da evolução acelerada da
doença em países desenvolvidos o Brasil não conseguiu se organizar para evitar a sobrecarga
do sistema de saúde (SUS). O país foi responsável por 10% dos óbitos por Covid-19 após três
anos de pandemia, tendo menos de 3% da população mundial. A demora na análise de
evidências, a falta de adesão a medidas de prevenção do contágio, o negacionismo, a ingerência
do Governo Federal na estratificação de planos de resposta envolvendo os três níveis de
assistência à saúde e as disparidades regionais de infraestrutura hospitalar existentes foram
determinantes na resposta insuficiente do SUS, cronicamente subfinanciado. As regiões Norte
e Nordeste, sabidamente com piores indicadores de saúde, tiveram maiores taxas de mortalidade
por Covid-19, mesmo tendo população com menos fatores de risco para a doença. É
imprescindível reorganizar a governança do SUS, criar planos de catástrofe que levem em
consideração as peculiaridades territoriais e diminuir a desigualdade socioeconômica brasileira
para proteger os mais vulneráveis.

O pensamento econômico em saúde de Paul Singer e a análise crítica de Luiz Fernando da Silva

Este artigo visa compreender os desdobramentos do pensamento econômico aplicado a saúde de Paul Singer sob a análise crítica de Luiz Fernando da Silva. Para isto, realizou-se um ensaio crítico a partir de uma leitura sistemática da seção ‘Economia da Saúde’ do livro ‘Prevenir e Curar’ de Singer e colaboradores e, ainda, usou-se a categoria “deslocamento temático” fenômeno descrito por Luiz Fernando da Silva – para compreender as formas de distanciamento-ressignificação do marxismo que Singer e outros autores realizaram. O artigo está dividido em duas partes. Uma primeira que trata da biografia intelectual e político-institucional de Singer e Silva e uma segunda que trata do pensamento econômico de Singer e o deslocamento temático e teórico apontado Silva. Por fim, entende-se que a forma como Singer vê os serviços de saúde (SS) pode ser atribuída, em parte, ao deslocamento teórico que vivenciou, contudo, este serviu para desmistificar aspectos ‘puramente positivos’ dos SS.