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Alimentação e Autoritarismo no Brasil nos 70 anos de história: Descompassos para o direito social à alimentação

A história do autoritarismo no Brasil é complexa, disfarçada por uma educação em que coloca
uma certa “harmonia social” na trajetória política brasileira, enquanto ela é marcada por um
enraizamento histórico que naturaliza estruturas autoritárias, por trás do racismo, mandonismo,
coronelismo, corrupção, desigualdade social, violência, desigualdade de raça e gênero e
intolerância que permanecem na estrutura político-econômica até hoje. Os governos
autoritários da história do Brasil recente são: o Estado-novo de Getúlio Vargas (1937-1945), a
ditadura militar (1964-1985) e o governo instalado após o golpe institucional de 2016, liderado
primeiramente por Michael Temer e por conseguinte Jair Messias Bolsonaro. As políticas
públicas para alimentação e nutrição, caminham de acordo com os interesses voltados ao capital
econômico e industrial. O objetivo desse estudo é analisar os efeitos das medidas econômicas
adotadas nos três regimes autoritários da história do Brasil republicano, no que compõe a
alimentação da população brasileira, através de uma revisão integrativa de literatura. Foram
incluídas aquelas publicações que tratassem de políticas econômicas e programas de
alimentação e nutrição, resultando em nove estudos revisados. Relacionando o percurso da
história passada, com a mais recente, acompanhada pelo desmonte de estratégias importantes
para alimentação que foram construídas desde o processo de redemocratização do país, somado
ao agravamento da insegurança alimentar e nutricional e a fome intensificadas pela pandemia
de COVID-19 no Brasil. Pode-se correlacionar à agenda política dos três governos quanto a
opção por privilegiar a produção capitalista, realçando a desigualdade social e propiciando a
insegurança alimentar e nutricional de populações mais vulneráveis, com o uso político da
fome.

O trabalho abstrato em Marx a partir de Isaak Rubin e Juan Cesar García: repensando a categoria trabalho

O duplo caráter do trabalho, considerado um dos pontos centrais da teoria do valor de Marx, apresenta diferentes abordagens dentro do pensamento marxista. Isaak Illich Rubin, considerado um dos mais importantes intérpretes da teoria do valor, em sua obra Ensaios sobre a Teoria do Valor de Marx, discute os principais elementos definidores do trabalho abstrato e analisa suas concepções mais usuais, reforçando a centralidade da troca e da transformação em trabalho social. No campo da saúde, o médico e sociólogo argentino Juan César García também discute sobre o duplo caráter do trabalho e, apesar de se inserir numa linha de pensamento criticada por Rubin, traz o olhar sobre a relação entre o trabalho e o processo saúde-doença. Desde o debate entre as contribuições/reflexões sobre o trabalho abstrato na obra de Rubin e García, este artigo traça as contradições e aproximações importantes à construção do pensamento marxista entre estes dois autores.