ECOPOL Saúde

Implementação de modelos de compartilhamento de risco (risk sharing) no acesso ao tratamento de doenças raras: Uma revisão integrativa

O compartilhamento de risco é uma das medidas mais utilizadas para o acesso
gerenciado de um medicamento, visando dividir as incertezas da incorporação entre o
fabricante e o sistema de saúde. Este artigo teve como objetivo identificar as barreiras de
acesso ao tratamento para as doenças raras e mapear os tipos de modelos de
compartilhamento de risco existentes. Foi realizada uma revisão integrativa para
responder à pergunta: “O que a literatura científica apresenta sobre a implementação de
modelos de compartilhamento de risco (risk sharing) no acesso ao tratamento de doenças
raras no Brasil e no mundo?”. As bases de dados escolhidas foram: Biblioteca Virtual em
Saúde, Embase, Pubmed e Scopus. Ao final, considerando os critérios de inclusão e
exclusão, 14 artigos foram incluídos. Observou-se o alto custo de tratamento e a incerteza
em relação às evidências clínicas como as principais barreiras de acesso. Os modelos de
risk sharing geralmente são divididos em modelos com base financeira e/ou com base em
desempenho. Notou-se que a implementação destes mecanismos amplia o acesso a
tecnologias que provavelmente não seriam disponibilizadas e demonstra aprendizados
importantes, como a falta de transparência e de padronização na implementação,
resultando em inequidade de acesso aos medicamentos órfãos. Conclui-se que a
implementação desses modelos minimiza as barreiras financeiras e de desempenho,
podendo expandir o acesso aos tratamentos para doenças raras. A transparência e troca
de experiências entre os países são fundamentais para a criação de políticas e diretrizes
que tornem o processo mais efetivo na expansão do acesso.

O relato de Sicsú sobre a recepção do pensamento keynesiano no Brasil e sua repercussão na economia da saúde: um recorte sobre o artigo ‘Financiamento do setor de saúde: proposta para a transição democrática’ de Hésio Cordeiro

Analisou-se a recepção do pensamento keynesiano no Brasil à luz do relato de Sicsú no texto ‘Como Keynes e suas ideias chegaram ao Brasil’, e como este pensamento econômico influenciou a saúde, por meio da análise do artigo de Hésio Cordeiro intitulado ‘Financiamento do setor saúde: proposta para a transição democrática’. Assim, este artigo foi estruturado em quatro partes. Inicialmente, fizemos um resgate biográfico intelectual e político-institucional dos autores João Sicsú e Hésio Cordeiro. A segunda parte apresenta os argumentos que Sicsú desenvolve ao entendimento da ampla aceitação das ideias de Keynes no Brasil. A terceira parte busca explorar a hipótese de Sicsú, por meio da análise da obra de Cordeiro, buscando ali elementos que a identifiquem ao pensamento keynesiano. Por fim, as considerações finais ressaltam a influência de Keynes nas ideias de Cordeiro e na construção do que viria a ser o Sistema Único de Saúde no Brasil.