Pesquisas epidemiológicas mostram que as últimas décadas foram marcadas por prevalência elevada de distúrbios e problemas de sono, como a duração inadequada de sono, insônia e sonolência excessiva diurna. Entretanto, as estratégias empregadas para o combate dessa “epidemia” foram largamente ineficazes, especialmente em um âmbito populacional. Levanta-se a hipótese que uma das principais medidas elaboradas para conter essa crise, a higiene do sono, não leva em conta as mediações históricas, sociais, políticas e econômicas que incidem e determinam o comportamento de dormir. Esse ensaio busca resgatar, por meio de revisão narrativa, etapas importantes no desenvolvimento do modo de produção capitalista e seus efeitos na inserção do sono na sociedade. Por fim, propõe-se um diálogo de conceito de saúde que leve em consideração as dinâmicas que geram os conflitos, que por consequência, pioram o sono da população.